Jesus e o passarinho

Certa vez Jesus entrou em um templo e encontrou uma pequena gaiola. No seu interior havia um passarinho que cantava de forma bastante angustiada. Intrigado com aquele canto, o Cristo perguntou a alguém que lá estava de quem era o pássaro e porque cantava daquela maneira. Um homem respondeu-lhe que o passarinho pertencia a um dos sacerdotes e que cantava daquele jeito porque tivera seus olhos furados para que ficasse cego e assim, não fugisse e cantasse ainda mais bonito para o seu dono.
Então Jesus pediu que lhe trouxessem a gaiola e, com bastante cuidado, retirou o pequeno pássaro de dentro. Tocou-lhe a boca para que pudesse falar. Então o filho de Deus perguntou à pequena ave como havia sido aprisionado:
- Eu estava com fome e entrei aqui no templo em busca de comida. Encontrei uma arapuca e minha fome era tamanha que não me importei de ser preso. Porém, eu não sabia que teria meus olhos furados. Por isto, hoje canto de forma tão triste. Canto lembrando do tempo em que era livre e enxergava.
Então, o Cristo tocou-lhe os olhos, fez com que voltasse a enxergar e disse-lhe:
- Agora estás enxergando e és novamente livre como o Pai te criou. Vai-te!
E o passarinho rapidamente abandonou o templo em busca de liberdade.
Algum tempo depois, o Mestre volta àquele mesmo templo e, para sua surpresa, encontra o mesmo passarinho, que ainda via, na mesma gaiola, porém cantando da mesma forma triste de quando era cego. Perguntou-lhe novamente Jesus:
- Não foste tu que libertei da escravidão? Porque voltaste para a mesma gaiola em que estavas? E porque cantas da mesma maneira triste, mesmo não estando mais cego?
Eis que o passarinho responde:
- Senhor, aqui sou alimentado pelo sacerdote que é meu dono, não preciso sair em busca de comida e, desta vez, mesmo não estando mais cego, canto meu canto triste porque aprendi que é assim que agrado a quem me alimenta. Mas, muito obrigado por me livrar e me fazer ver. Pena que não fui forte o bastante para continuar livre.
Então, Jesus entristeceu-se profundamente e disse:
- Sois um pássaro, criado pelo meu pai para viver livre pelos ares, mas tens a natureza dos homens de alma escrava, que mesmo sendo livres se deixam aprisionar.
E saiu Jesus do templo, pensando em quantos homens são como aquele passarinho, que mesmo conhecendo a liberdade, preferem manter-se cativos por não se acharem fortes o suficiente para andarem com as próprias pernas. Então o Filho de Deus rogou ao Pai misericórdia para estes homens e se foi.


Fonte: O Evangelho na Prática