Mural de AVISOS

"A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei."


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segunda-feira, 28 de março de 2011

Livres? Tentando.

Admitirei. Há algum tempo já não sei mais ao certo em que acredito. Acho que soa um tanto prepotente me dizer livre-pensadora, mas a verdade é que parei de bloquear minhas idéias. Vou deixando que os contestamentos se formem como quiserem, sem que nenhuma idéia pré-definida de moralidade ''divina'' possa vir a impedir ou culpar-me por tal.
Desde então, não sei se tenho sido mais feliz. Mas, ao menos, sinto um pouco do cheiro da liberdade. Só o cheiro, mas já é um começo.

Tudo começou quando, sabe-se lá o que originou isso em mim, comecei a contestar a institucionalização da religião. Hoje vejo que isso era apenas "a ponta do iceberg". Por não crer mais nas (não) sagradas escrituras, vários contestam o motivo de eu ainda ousar falar sobre o cristianismo, Jesus, e em um ato maior ainda de pretensão transcrever apenas partes das coisas que ele disse como sendo coisas que eu vejo como reais. Explico então: como em qualquer outro livro, coletânea, antologia, teoria, (...) é possivel encontrar coisas reais e mentirosas. Assim como é possível que todo o conteúdo seja real ou uma patranha completa. Desse modo, vejo a máxima cristã "Conhecereis a verdade e ela vos libertará" como algo que vai de encontro com a realidade. Cristo foi pretensioso ao dizer que ''ninguém vem ao pai a não ser por Mim", mas acertou ao não dizer-se como um fim, e sim caminho. E o caminho apresentado foi o da verdade, justiça e amor (não o amor romântico e nem mesmo o Paulino), não podendo ser cumprido em meio a sofismas religiosos.

Isso é apenas um convite para despirmo-nos do apego pelo falso e entramos em uma busca pelo que é verdadeiro. Se é possível cumprir a finalidade, não sei. Mas não tentar é que é errado.
Peço desculpas, sim, mais uma vez, pelo emaranhado de frases soltas. Isso não é uma tese, dissertação ou monografia, e estou aberta a conversas sobre o assunto, contanto que não venham tentando me evangelizar ao dogmatismo.

Um beijo, e tenham paciência com minhas bobagens.
Julia

PS: Talvez o texto de diferentes autores entre em contradição, mas lembrem-se que esse não é um blog de pensamento singular, exatamente por sermos tolerantes à diferentes ideias.

domingo, 27 de março de 2011

Livres

  Acredito ser muito fácil a confusão entre liberdade e libertinagem e, desde já quero deixar claro que falo aqui sobre LIBERDADE, pois sei que este assunto é de difícil compreensão para algumas mentes.

  Sereis livres se a verdade conhecer ( parafraseando Jesus), este versículo é muito conhecido e usado em ministrações de libertação( nada contra), mas quero analisar aqui outra interpretação, primeiro, " Qual a verdade?", segundo, "Que liberdade?". Creio como verdade aquela que foi manifesta, o AMOR, não simples sentimento, mas sim a pessoa do AMOR, o VERBO, a sua expressão exata e, é este amor que então nos faz ser livres. A liberdade que provém deste amor não traz em si o peso da culpa, mas sim o Arrependimento (mudança de rumo), ou seja, quando conhecemos e buscamos vive lo, nos arrependemos, saindo do caminho da opressão, do medo, da mentira, da amargura, sendo livre de tudo aquilo que destrói  a maior essência de Deus, a vida, vida esta que Ele soprou em nós.
  Ao afirmar que a vida é a maior essência do Pai, faço por que creio que todo amor provém da vida dEle, esse amor foi manifesto gerando vida em nós e, deve evoluir gerando a VIDA dEle em nós. Seguindo este raciocínio (que espero estar claro) devemos viver em plena liberdade sabendo que a vida flui em nós da parte de Cristo, não tendo espaço para o medo, pois um dia foi escrito que o "verdadeiro amor lança fora todo medo". Compreendendo isto devemos sair da tumba da religião, do preconceito, do ódio, vivendo realmente o significado da palavra igreja ( eclesia= chamados para fora), não temendo mais o pecado, mas sim não fazer dele parte de nossa vida, pois o pecado nada mais é do que errar o alvo e, se o alvo é viver em amor que é a verdade que nos faz livre, então não há porque ter medo dele, mas sim vivenciar a liberdade que um dia nos foi concedida através da manifestação de Cristo (em essência AMOR)  nesta Terra.

Abraços, Naor.



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sexta-feira, 18 de março de 2011

Carta (quase) aberta

Tempos atrás mandei uma ''carta'' à um amigo muito especial, compartilhando um momento que eu estava passando. Hoje, creio que possa ser de utilidade também à outros e portanto, irei expô-la. Espero que possa ajudar alguém que, por ventura, esteja passando (ou pode vir a passar) por algo parecido. Até mais! =)

Faz tanto tempo que não faço isso, sabe... escrever à alguém sobre Deus! Mas todos os dias eu cumpro alguma resolução, e a de hoje foi essa: escrever à alguém sobre Deus. Fiquei pensando em alguém com quem eu pudesse desabafar sobre o que tem acontecido, o que eu tenho vivido com esse Ser tão inexplicável e que ao mesmo tempo, fosse ter um valor pra tal pessoa. Adivinha quem me veio em mente? Sim, você. Alguém que eu confio o bastante e ao mesmo tempo sei que terá a leitura dessas palavras como alimento tanto quanto para mim o são escrevê-las.

Sabe... durante tanto tempo eu usei os óculos da religião e tentei enxergar o mundo através deles. E eu até ''conseguia''. Mas sabe qual era o problema? Esses óculos estavam ajustados além da minha miopia em relação à realidade. Você também tem problemas na visão, como eu, e sabe: se você usa 3 graus e tentar colocar um óculos de 3.5, até vai conseguir ver as coisas, mas de maneira um pouco desfocada e logo vai ter dores fortes de cabeça. Foi, então, o que aconteceu comigo. A dor começou a aumentar cada vez mais, até o momento de se tornar insuportável.
Resolvi tirar os óculos, e no começo foi estranho... eu não conseguia ver absolutamente NADA. Estava tudo tão MAIS desfocado, eu só quase via sombras e luzes e sentia gestos e ouvia ações, mas nada que eu pudesse enxergar de forma nítida. Ao menos a dor havia passado, não é mesmo? Claro, não completamente, pois, em vão, eu insistia em ''forçar a vista'' para tentar identificar as coisas, e você deve me entender, isso começa a se tornar bem incômodo. Imagine só: uma MÍOPE, sem óculos, tentando enxergar a vida. Triste ou cômico? Acho que, na verdade, lamentável. Afinal, Deus se compadeceu tanto dessa minha miséria que me deu um par de lentes de contato com meu exato grau! Eu não sei cuidar muito bem delas, entao por causa disso, algumas coisas ainda ficam desfocadas dependendo do dia. Dá maior trabalho limpá-las, colocá-las, conservá-las... mas vale a pena, né? Não dão dor de cabeça, e mesmo com alguns pequenos desfoques, ainda é bem melhor que um óculos!

Olha só que coisa! Eu comecei a enxergar coisas que eu nem imaginava que existiam... As sombras que eu via eram, na verdade, pessoas. E agora, com toda essa nitidez, eu podia enxergar nas pupilas de cada uma um pouco de Jesus. Um pouco de amor, fé, paixão, paz. Inclusive, um dia ele virou pra mim e disse: Você ficou tanto esperando minha volta mas, bem, eu nunca fui embora. Estou aqui, em cada um desses.
Foi a coisa mais fantástica que me aconteceu. E eu clamo todos os dias pra que isso se concretize na sua vida, como eu sei que já tem acontecido. Se Deus arrancou seus óculos, agradeça, a dor-de-cabeça irá embora se você parar de tentar forçar a vista. Se mais que isso, ele te deu as lentes, cuide delas melhor do que eu cuido das minhas, e passe a reparar em todos os detalhes que agora você consegue ver, principalmente as pupilas dos olhos de cada um: é nelas que se encontra Jesus.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pecado

O monstro dos cristãos é o pecado. Em sua cabeceira mental há uma listinha de coisas que "podem e não podem" serem feitas, basicamente (e indiretamente) suas vidas giram em torno disso.
Procurei diversas vezes uma definição de pecado e dentre tantas alternativas a mais coerente foi: "Pecado é tudo aquilo que Jesus não faria".
Ao analisar o Jesus histórico que é narrado detalhadamente nos evangelhos pode-se afirmar que todas suas atitudes foram voltadas para o próximo. Seus olhos estavam sempre focados nos outros ao invés de em si mesmo, ele se importava de verdade com quem cada uma daquelas pessoas eram e o que ele poderia dar de verdade à elas. Ele foi traído por Judas e não se vingou, antes o beijou na face. Ele tinha em mãos poder para apedrejar a mulher adultera e não fez, antes se igualou a ela: "nem eu tampouco te condeno"
Belo Jesus!!! E pecado é tudo que ele não faria...
Pecado é manter meus olhos fixados em mim me preocupando com "o que é pecado" enquanto poderia estar com eles fixados na preocupação do outro. Pecado é manter meus olhos fixados em mim me preocupando com "eu estou pecando" enquanto poderia estar com eles fixados na preocupação do outro. Pecado é manter meus olhos fixados em mim...
Pecado é não dar a outra face, não dar de comer a quem tiver fome, não dar de beber a quem tiver sede, não amar os meus inimigos, não amar o meu próximo como a mim mesmo... Pecado é tudo aquilo que Jesus não faria!

"Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes."


Jaas

terça-feira, 15 de março de 2011

Em defesa de Tomé.

  Sempre ouvimos/lemos ministrações, devocionais criticando a pessoa de Tomé (discípulo de Jesus), mas hoje resolvi ousar e, vou defende lo.
   É  de praxe falar sobre a fé, como devemos ter fé, caminhando e vivendo com ela, inabaláveis, crendo e depois vendo e, por ai vai, mas algo sempre ficou no meu coração, uma dúvida, "e as pessoas que são 'deficientes na fé'? Querem, mas não conseguem crer, ou até desistiram de tentar, qual será seu fim? "
   Vamos  observar Tomé, para obtermos a resposta. Este discípulo de Jesus viveu e conviveu com a pessoa do mestre, viu suas obras e a manifestação do seu amor e poder, mas mesmo assim duvidou da ressurreição dele, então podemos analisar em Tomé uma "deficiência" em sua fé, não foi por falta de ver e de ouvir que ele duvidou, mas porque não conseguia crer. Então chega o momento da ressurreição e todos contemplam o mestre amado, menos Tomé, então sua "deficiência" se manifesta em uma unica palavra "duvido", pronto foi o suficiente para ele virar o segundo mais odiado dos discípulos (o primeiro é Judas), mas  é nisto que entra a questão deste  texto, o "duvido" não parou por ai, mas foi acompanhando pela a manifestação do Amor e Graça de Jesus, o discípulo então incrédulo tocou em Jesus, tocou nas feridas que trouxeram a redenção de todos e, naquele momento ele também foi redimido.
   Todos lembram da incredulidade de Tomé, mas ninguém atenta para o fato dele ter tocado nas mãos do Cristo, ninguém atenta para fato de a maneira de Jesus faze lo crer não foi o enchendo de palavras, mas sim o fazendo sentir suas feridas. Hoje as coisas não mudaram, não será por muito falar, por encher o cérebro de alguém com a " verdade", mas é sim pela graça de Deus ( que Ele manifesta como quiser ), pelo amor de Jesus, que não julga, mas confronta e transforma. Nós devemos manifestar este amor com mais ações e menos palavras, as fazendo senti lo, pois as pessoas já estão cansadas de ouvi lo.


Abraços Naor.


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segunda-feira, 14 de março de 2011

Pessoas e teorias: aprendendo a diferenciar

Amados leitores, hoje vim fazer um pequeno relato. Antes disso, gostaria de deixar apenas uma frase bem simples de ser entendida: quando você expõe uma teoria e alguém discorda, não se deve apelar para o lado pessoal. Idéias são apenas idéias, teorias apenas teorias e se refuta as mesmas usando recursos ARGUMENTATIVOS e LÓGICA. 
Agora, entenderão melhor sobre o que estou falando...
Intolerância. Sentimento bastante presente nas rodas "cristãs". A desculpa de ''ouvir a voz de Deus'' faz com que uma idéia, mesmo que rasa, seja levada como verdade sem ao menos ser analisada. E ''ai'' de quem ousar contestar.
Herege.
Rebelde
Vazio.
Carente.
Revoltado.


Variados adjetivos são encontrados para designar aqueles que não aceitam textos e palavras bonitas, e simplesmente isso, como algo real. Discordar da teoria é arranjar briga com ''a pessoa''. Cristãos estão sendo educados por seus mestres, pastores e toda sorte de titularidades a confundir as duas coisas. Por isso, vê-se tanto preconceito para com aqueles que discordam de uma tese. Nisso, um bom exemplo que temos é a enorme discriminação que existe da parte dos religiosos para com os céticos, simplesmente por quererem debater as idéias.

Gostaria, então, de expor uma situação que me aconteceu por esses tempos. Não gosto, e já disse isso, de usar esse blog como um diário, mas algumas coisas são bastante ''divertidas'' e faço questão que seja do conhecimento de outros.
Dia desses coloquei o link desse blog no meu facebook PESSOAL, e eis que um ''pastor'' colocou o link do seu como resposta, e quando cliquei a postagem era sobre ''graça barata''. Argumentei, comentando que GRAÇA designa algo sem preço, e quando se diz ''barata'', fica subentendido que há um preço. Por isso, era contraditória a idéia de graça barata.

Eis que recebi a seguinte fala como resposta:


Postei em meu twitter sobre o acontecido e logo houve alguma repercussão. Eis que, novamente, recebi uma resposta:


O que penso sobre o assunto poderão ver no meu próprio comentário sobre a imagem. Deixo claro que não gosto de ''pessoalidades'' quando se trata dessas coisas, mas por ser uma situação a qual é possível generalizar, levando em conta o enorme número de casos do tipo, uso tal acontecimento apenas para exemplificação.
Talvez assim se torne mais fácil para alguns entenderem o motivo de eu abominar o fundamentalismo. É ele que faz com que confundam PESSOAS e TEORIAS na hora de uma discussão onde isso não importa.

Até mais!

Julia

Ps: Link da tal postagem da graça barata: http://escondidosnanuvem.blogspot.com/2011/03/graca-barata.html

Como podem ver, meu comentário lá, além de tudo, não foi publicado. Assim fica fácil entender porque a maioria dos céticos tem a imagem do cristão como alguém intolerante.
''O que você tem de idade é o tempo que eu estudo a biblia.'' Opa, 15 anos de bíblia e nao aprendeu a unica lição de fato importante: amor e tolerância.

E sim, tudo isso foi apenas por eu ter discordado da tal postagem. Difícil acreditar, não?

sábado, 12 de março de 2011

O Último Cristão

Escândalo. Insensatez. Vergonha. 
Os primeiros caras a divulgar e propor o cristianismo ao mundo tem o mérito adicional de terem escolhido muito bem as palavras. Segundo o enfezado apóstolo Paulo, apegar-se à singularidade de um sujeito mortalmente pregado à cruz e inteiramente despregado das prioridades usuais do mundo é para o observador isento de fato escândalo, insensatez e vergonha – e nem teria como ser diferente.
É insensatez porque tanto a doutrina quanto o precedente de vida (e morte) do fundador ensinam que o sucesso se obtém no mais inequívoco fracasso e a grandeza na mais abjeta humilhação; é escândalo porque ele sustenta que a alma é sólida e a matéria rala, e que não faz portanto sentido o sujeito adquirir o mundo inteiro e ver a vida escorrer, sem consistência, na peneira final; é vergonha porque para beneficiar-se do pacote a pessoa tem de pagar o mico de reconhecer-se não melhor do que ninguém.
Ser cristão requer-se ver-se incessantemente no outro: olhar para fora de si mesmo e ver Deus pregado na cruz e o cachaceiro derrubado na rua e sacar que de alguma forma misteriosa você é agora eles; que a tragédia de um é a tragédia de todos, e entrou em ação um mistério tremendo de relacionamento, de favores devidos e de identidade; que o único jeito decente de viver é baixar a bola e salvar o que der da dignidade dos outros de forma a salvaguardar algo da sua. E da de Deus.
Essa percepção de uma glória pessoal que se esconde sob o manto da tragédia compartilhada (“ninguém tem amor maior do que dar a vida pelos seus amigos”, nas palavras de Jesus) foi, naturalmente, perdida ao longo dos séculos do cristianismo institucional.
Escândalo, insensatez e vergonha foram devidamente sanitizados em prosperidade, ortodoxia e sucesso. A empatia e a preocupação generosa com o outro secaram-se em glorificação dos apetites de cada um.
Insensato é agora o cristão que não exige do Patrocinador sucesso financeiro, realização profissional, saúde, assistência dentária e tratamento de beleza. Pelos critérios de Jesus, para quem os menores é que são grandes e os humildes os verdadeiramente gloriosos, o cristianismo evangélico contemporâneo atira no próprio pé na ilusão de que está mirando nas alturas.
O evangelho revisto e atualizado rende-se à lógica inescapável do anúncio de página dupla: bem aventurados os ricos, os saudáveis, os espertos, os bonitos, os inteligentes e os bem-sucedidos, porque são invejados por todos. Porque deles é a chave do modelo 2007 e o controle remoto do Sound System. Porque estão fazendo MBA. Porque tomam leite desnatado sem camisa olhando de sua janela envidraçada para uma praia deserta.
Quero adicionar portanto aos meus 10 motivos para não ser cristão este: ser cristão requer carregar nas costas dois milênios da má reputação de um cristianismo tosco, incompetente, incompleto e com demasiada freqüência nocivo. O ensino de Jesus só permanece novo porque nunca foi tentado. Nos últimos mil e oitocentos anos, pelo que sabemos, esteve longe de ser colocado em prática com esse nome.
Esqueça as revelações do Evangelho de Judas: são as páginas de Mateus, Marcos, Lucas e João que contém material inédito. São elas que dão testemunho perturbador de uma radiante insensatez que não temos coragem de cometer, porque requeriria tudo de nós – o que é, naturalmente, insensato dar e pedir. Como o narrador de Borges, preferimos honrar um exemplo virtuoso com palavras a reconhecer que somos por demais covardes para nos rebaixarmos à glória.
Melhor seria portanto não manchar a reputação irretocável de Cristo com o nome de cristão. Ele merece esse nosso sacrifício. Você deveria talvez fazer como meu amigo inglês Julian, que é espiritual sem ser religioso; que confessa-se cristão platônico e assume em todo momento a conduta de Cristo. Ou como o Farah, que está praticamente muçulmano, tem a alma inesgotavelmente rica e o coração generoso e dá testemunho da graça. Como Gandhi, que recusou austeramente a etiqueta de cristão e levou terrivelmente a sério (e às últimas conseqüências) as palavras de Jesus.
Está na hora de resgatar o escândalo, a insensatez e a vergonha que foram desde o princípio associados ao cristianismo. Uma deliberada e silenciosa desconversão em massa, pensando bem, talvez trouxesse finalmente toda a glória que o ensino, o exemplo e a obra de Jesus desconheceram nos últimos milênios. Permaneceríamos cristãos em segredo, a portas fechadas, lutando consistentemente, em absoluto sigilo e completa dedicação, pelo Nome que não ousamos macular ou pronunciar. No fracasso institucional e na crucificação ideológica do cristianismo talvez estejam a semente da sua ressurreição. "O último cristão pode muito bem ser o primeiro!"

Por Paulo Brabo Purim
Fonte: Cristianismo Hedonista
(Já havia postado esse texto, mas sem usar recursos como o negrito para destacar seu conteúdo, e por ser extenso, creio eu ter passado despercebido. Portanto, aí esta ele novamente!)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Vives tu, deus, a vida?

E assim, conquanto cada qual se esforce
além das próprias forças,
como no cárcere que o detesta e o detém,
há no mundo uma grande maravilha.

Sinto: toda vida há de ser vivida...
Quem é que a está vivendo, então? As coisas
que, como música jamais tocada,
na tarde ficam como numa harpa??

Serão os ventos a soprar das águas?
Serão os ramos a tocar os acenos?
Serão as flores a tecer perfumes?
As largas aléias envelhecendo?

Serão os animais quentes a andar?
Os pássaros estranhos a esvoaçar?
Quem há de ser? Vives tu, deus, a vida?


Rilke - O Livro de horas

terça-feira, 1 de março de 2011

Até quando?

"Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve
Você pode e você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu
Num quer dizer que você tenha que sofrer

Até quando você vai ficar usando rédea
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea
Pobre, rico ou classe média?
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura

(...)
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que pra você não ver que programado é você

(...)


Até quando você vai levando?
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando ?
Até quando vai ser saco de pancada? 

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro"

Gabriel O Pensador.


E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

ROMANOS 12:2